terça-feira, 27 de dezembro de 2011

27/DEZ/2O11


Simplicidade do não ter e simplesmente ser.

Não tenho liberdade nos pés na mesma intensidade que eu a respiro.
Não tenho a boa conduta necessária que o mundo obriga toda moça ter.
Não tenho forças nos braços na mesma intensidade que eu as anuncio ter.
Não tenho garras nas mãos na mesma ferocidade que deveriam ter.
Não tenho tanto brilho nos olhos como eles mascaram ter.
Não tenho tanto sorriso nos lábios como aparento ter.
Não tenho tanto bom gosto quanto o mundo diz ser interessante ter.
Não tenho dinheiro como precisaria ter.
Não tenho tanta sabedoria como meus versos anunciam ter.
Não tenho tanta coragem como aparento ter.
Não tenho o perfume que não se deixa esquecer.
Não tenho uma ótica tão bacana como minha máquina fotográfica registra ter.
Não tenho a delicadeza que as pessoas gostariam de receber.
Não sei falar bem até alguém se comover.
Não sei dar ordens para alguém obedecer.
Não sei cantar para alguém se derreter.
Não sei dançar ao ponto de conquistar uma grande platéia para ver.

Não tenho roupas da moda, nem sapatos caros.
Não tenho carro do ano e muito menos jóias raras.
Não sei isso, não tenho aquilo e muito menos aquilo outro.
Só sei que além de viva, num jeito simples, eu continuo a incomodar os outros. 


Suzane Lima

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